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Inovação: cirurgiã-dentista do HRT cria equipamento pioneiro

  Abridor de boca dedicado ao atendimento de pessoas com deficiência ganha o mundo e revoluciona o mercado de produtos odontológicos; Dia Na...

 


Abridor de boca dedicado ao atendimento de pessoas com deficiência ganha o mundo e revoluciona o mercado de produtos odontológicos; Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência alerta para inclusão

Gabriel Silveira, da Agência Saúde DF | Edição: Fabyanne Nabofarzan

Uma situação atípica no dia a dia da cirurgiã-dentista Andréia Aquino, que atua no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), transformou-se numa ideia inovadora. O convencional abridor de boca confeccionado com espátula de madeira não resistiu à força da mordida e quebrou-se durante o atendimento de um paciente adulto diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) de nível 3, lançando farpas na mucosa bucal. Após corrigir a intercorrência, a profissional Andréia Aquino concluiu: era preciso buscar novas formas de atendimento.

"Isso já me angustiava. Eu pensava: 'não está certo'. Tem que haver algum produto que seja, ao mesmo tempo, seguro e confortável para esses pacientes e profissionais", relembra. A especialista no atendimento a pessoas com deficiência (PcD) lançou o olhar para o mercado de produtos odontológicos e o que encontrou foi uma escassez na oferta de soluções dedicadas ao segmento. Só havia, portanto, uma única opção: criar um equipamento completamente inédito.

Compromisso e inovação

Foi assim, após cinco anos de pesquisa e desenvolvimento junto a empresa nacional, que um novo abridor de boca feito em silicone ganhou o mundo e revolucionou a indústria de produtos odontológicos.
 

A grande demanda e a diversidade de público faz com que o sistema público de saúde brasileiro seja um potente campo para a inovação. Foi assim, após cinco anos de pesquisa e desenvolvimento junto a empresa nacional, que um novo abridor de boca feito em silicone ganhou o mundo e revolucionou a indústria de produtos odontológicos. Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF


Em Santa Cruz, na Bolívia, a dentista Shirley Villegas faz uso diário do equipamento em sua rotina profissional. "Admiro e aprecio a profissional Andreia Aquino por ajudar os dentistas da América Latina a oferecer um atendimento de melhor qualidade e de forma bastante prática", declara especialista em atendimento odontopediátrico a pessoas com deficiência.

O abridor também tem sido utilizado em atendimento odontopediátrico e em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Logo após o lançamento do abridor, em 2020, todos os profissionais responsáveis pelo atendimento odontológico a PcD nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) da Secretária de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), receberam, por meio de doação, uma unidade do instrumento. O projeto também focou na reutilização, permitindo a esterilização e a higienização para uso em ambiente profissional e em contexto doméstico, respectivamente.

A família de Chaim Ben Moisés, 93, é grata à recomendação feita pela neta Monique Moisés, 23, quando, então, era aluna de odontologia da professora Andreia Aquino. Na doença de Parkinson, a dificuldade em controlar a saliva e engolir aumentam o risco de aspiração de patógenos da boca para os pulmões, o que pode levar a infecções pulmonares graves. Manter a boca o mais limpa possível é essencial para controlar a carga bacteriana. " O equipamento facilitou muito a higienização oral. Fez com que minha avó e as cuidadoras de meu avô pudessem ampliar o cuidado junto a ele", explica a jovem cirurgiã-dentista.

De acordo com a profissional do HRT, a mudança na qualidade de vida dos pacientes é o que motiva a atuação diária. "Não tem nada mais gratificante do que assistir a mudança de comportamento do paciente; ver aquele brilho surgindo dos olhos da família quando passa a acreditar que pode e vai dar conta de contribuir com os cuidados  e higiene bucal necessários”, revela Aquino.
 

“Acho que tudo o que eu sou enquanto profissional, eu aprendi graças ao SUS, com as equipes e os profissionais com quem trabalhei e com os pacientes que encontrei. Talvez, agora, eu possa retribuir um pouco do que ele me deu”, finaliza. Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF


Cuidando de quem cuida

A relação íntima com a realidade de familiares e cuidadores de pessoas com deficiência segue inspirando novos projetos. Ao identificar outra carência, desta vez, no “cuidado de quem cuida”, a profissional do Sistema Único de Saúde do Distrito Federal (SUS-DF) propôs terapia comunitária para mães atípicas. 

Os encontros mensais, oferecidos por voluntários, são uma oportunidade de cuidado integral; de troca de experiências e conexões com outros cuidadores; bem como um ambiente de partilha de informação e orientação especializada.
 

A relação de proximidade com familiares e cuidadores de pessoas com deficiência segue florescendo novos projetos. Ao identificar outra carência, desta vez, no “cuidado de quem cuida”, a profissional propôs terapia comunitária para mães atípicas. Foto: Arquivo Agência Saúde DF


Em setembro, em alusão ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, a programação conta com apresentação acerca dos direitos das pessoas com deficiência. A data, celebrada neste domingo (21), tem o objetivo de conscientizar sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

“Eu sempre fui assim: movida. Se eu estou no processo, então, vou ‘fazer acontecer’. Eu quero fazer o melhor que eu puder para esse público”, declara a profissional especializada.

Há 31 anos atuando na SES-DF, desde quando cumpria escala enquanto técnica em enfermagem em unidade hospitalar, Aquino tem o SUS como a sua verdadeira escola. “Acho que tudo o que eu sou enquanto profissional, eu aprendi graças ao SUS, com as equipes e os profissionais com quem trabalhei e com os pacientes que encontrei. Foi onde eu aprendi, onde ganhei experiência. Talvez, agora, eu possa retribuir um pouco do que ele me deu”, finaliza.

Da redação do Portal de Notícias

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